sábado, 11 de junho de 2016

Rasa, os seus habitantes

http://www.koinonia.org.br/tn/3/rasa.htm


“Foram lá me entrevistar porque eu era o mais velho do lugar. Meu pai era do tempo do cativeiro. Então eles colocaram na mente do povo que aquele povo de fora tinha que entregar aquilo tudo par a mim, que aquilo era meu. E o povo se alvoroçou contra mim.[...] não me deram título nenhum e saíram fora. Não me falaram mais nada. Não me falaram mais nada. Quando eu vim de lá para cá ontem, o pessoal ficou tudo grilado”. SEU PEDRO – RASA 

A árvore e o mapa
Os dois senhores e duas senhoras que participaram da oficina, com uma média de 60 anos (Dona Elza, Uia, Seu Pedro e Seu Geraldo), deixaram claro que não existe, para eles, uma memória pronta e única da Rasa, que represente toda a "comunidade". Os mesmos acontecimentos foram contados como sendo vivenciados separadamente por cada uma das três famílias ali representadas. Apesar disso, ao longo do exercício e com o apoio da equipe do Projeto Territórios Negros, eles puderam construir um consenso em torno da seqüência de acontecimentos vividos por seus antepassados, que permite falar em uma história comum. 


AONDE ANDAM DONA ELZA? UIA? Seu PEDRO e seu GERALDO?

Assim, a árvore da memória da Rasa foi dividida em quatro partes que correspondem a quatro gerações. As raízes, os bisavós africanos daqueles moradores. O tronco, seus avós, já libertos, que moravam e trabalhavam na Fazenda Campos Novos, pagando arrendamento aos antigos senhores. Os galhos da árvore, seus pais, que continuaram pagando arrendamento até cerca de 1950, quando foram despejados por Antonio Paterno, conhecido como "Marquês". A partir dessa data é que eles transferiram-se para a Rasa, passando a pagar arrendamento para uma outra família de grandes proprietários, os Gonçalves, lembrados pela violência contra os negros e que dominou todo esse período, até muito recentemente. 




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