Comunidade de Rasa
O local reúne, entre seus moradores, quilombolas remanescentes de uma comunidade criada por escravos e descendentes que mantiveram vivas, ao longo do tempo, algumas das principais tradições da cultura africana. Parte da riqueza cultural e histórica da região da Rasa, a comunidade foi aos poucos excluída, e, com o tempo, acabou perdendo parte importante de suas raízes.
Uma pesquisa apoiada pelo edital Direitos Humanos e Cidadania da FAPERJ e desenvolvida pela professora do Departamento de Psicologia da UVA (Universidade Veiga de Almeida), Carmen Rodrigues Tatsch, procurou resgatar a memória do local junto aos próprios moradores a fim de propor alternativas para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar social e econômico de seus habitantes.
Carmen Rodrigues Tatsch, professora do Departamento de Psicologia da UVA (Universidade Veiga de Almeida).
A partir deste movimento, os moradores resolveram se organizar e criar uma feira de produtos agrícolas que passou a funcionar aos sábados, no centro de Búzios. Além disso, Lelei, um dos artesãos da comunidade, reativou a Associação de Arte e Cultura e recriou uma oficina de artesanato em talho em madeira que estava parada, passando a ensinar aos jovens a sua arte", recorda Carmen.
Aonde anda Lelei?
Outro exemplo de morador que recuperou a auto-estima durante o processo é o do 'cadeirante' (deficiente físico que anda com auxílio de uma cadeira de rodas) conhecido como Carlinhos. "Sua mãe relata que antigamente o Carlinhos passava a maior parte do seu tempo em casa, em sua cadeira de rodas, e pouco saía à rua. Com o tempo, ele aprendeu artesanato com Lelei, e hoje é outra liderança ativa na comunidade", recorda emocionada.
E Carlinhos?
Atualmente, a equipe coordenada pela psicóloga está, junto com lideranças comunitárias, artesãos e produtores rurais, tentando junto à prefeitura de Búzios a doação de um terreno para a implantação do centro cultural na região da Rasa. "Ele funcionará não apenas como ponto de partida para o turismo na comunidade, mas também, como centro de memória e interação da população de lá. No local, serão vendidos pratos típicos da cultura local como o café coado no caldo de cana e o artesanato típico, produzido com fibras de banana".
Carmen Rodrigues lembra que objetivo final da pesquisa é que os próprios moradores, em auto-gestão, tomem as rédeas da criação do centro cultural. Segundo ela, esta é a razão porque o processo por vezes é demorado. "Não é válido para nós que empresários ou a própria iniciativa privada da cidade de Búzios crie este local, pois conseguir financiamento desta forma seria fácil. Os moradores da Rasa devem tomar consciência de sua força e de sua riqueza http://www.faperj.br/?id=1063.2.2histórica e cultural para desenvolver este espaço. Afinal, além do resgate da memória cultural e histórica, auto-estima e cidadania da população local, minha pesquisa se propõe a fazer com que o associativismo desenvolvido pelos moradores crie novas formas de geração de renda", conclui.
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